segunda-feira, 8 de março de 2010

Herbicida usado no canavial causa mudança de sexo em anfíbios

Um dos herbicidas mais comuns, a atrazina, causa a castração química de rãs e pode estar contribuindo para uma diminuição mundial das populações anfíbias, segundo um estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Berkeley, publicado nas Atas da Academia Nacional de Ciências (PNAS) americana.

Os pesquisadores estudaram 40 rãs-macho criadas desde o nascimento até seu amadurecimento sexual com concentrações de atrazina similares às que existem nas áreas onde o composto químico é utilizado, comparando-as com outras 40.

Noventa por cento das rãs-macho expostas à atrazina registraram baixos níveis de testosterona, um desenvolvimento feminilizado da laringe; a glândula de reprodução se reduziu, seu comportamento de acasalamento foi suprimido, a produção de esperma caiu, além de apresentarem menor índice de fertilidade.

Um dado ainda mais alarmante: 10% das expostas ao herbicida se converteram em fêmeas que copularam com machos e produziram ovos. As larvas que se desenvolveram a partir desses ovos deram origem a machos, segundo a pesquisa.
Estudos anteriores descobriram que a atrazina feminilizou peixes-zebra e rãs-leopardo e causou uma dimunição significativa na produção de esperma em salmões e lagartos.

"A exposição à atrazina tem alta relação com um baixo nível de esperma, uma qualidade ruim do sêmen e problemas de fertilidade nos humanos", afirma o estudo. O herbicida é utilizado por agricultores em todo o mundo, especialmente na produção de milho, sorgo e cana-de-açúcar.

Da Agência France Presse.